Uma vontade de natureza em Madri
Na edição que abre as portas nesta quarta, a feira Arco, em Madri, faz uma homenagem à Colômbia. Países como o Brasil, a Índia e até a Finlândia já foram alvo dessa distinção no evento espanhol, na tentativa de jogar os holofotes sobre um mercado em questão.
Numa exposição agora em cartaz no centro cultural Conde Duque, em Madri, o curador colombiano José Roca juntou uma série de artistas de seu país que partem de uma reflexão sobre os rios que cortam a Colômbia para falar dos problemas locais, entre eles Alberto Baraya e Clemencia Echeverri.
À primeira vista, a mostra de Roca não faz justiça à potência da arte colombiana atual, com nomes que vêm despertando a atenção no mundo todo por motivos diferentes, da delicada e sofisticadíssima obra de Bernardo Ortiz à pintura blockbuster de Oscar Murillo. Trabalhos na mostra do Conde Duque beiram o design decorativo, embora com alguns lampejos de lucidez, um deles é o trabalho sempre preciso de Baraya e instalações de Echeverri e Nicolás Consuegra.
Mas a pegada ecológica desse primeiro recorte colombiano na semana das artes de Madri parece ter contaminado o resto do circuito na capital espanhola. Na Caixa Forum, centro cultural em frente ao Museu do Prado, a norte-americana Roni Horn faz uma mostra calcada na ideia da água como um elemento líquido e a fluidez dos estados de percepção quando alvo dos caprichos da fotografia ou de versos de Fernando Pessoa e Clarice Lispector. É uma bela mostra.
Também, numa série de estranhas coincidências, quase todas as galerias da calle del Doctor Fourquet, rua atrás do museu Reina Sofía que concentra uma série de casas, entre emergentes e mais poderosas da capital espanhola, têm mostras com fotografias insossas de paisagens e reflexões mais ou menos relevantes sobre as atrocidades que a colonização já impôs sobre a paisagem latino-americana.