Visões espelhadas sobre Ana Mendieta

Silas Martí
Fotografias de Hans Breder em colaboração com Ana Mendieta, na galeria Theredoom, em Madri
Fotografias de Hans Breder em colaboração com Ana Mendieta, na galeria Theredoom, em Madri

Uma visão rara sobre Ana Mendieta, a performer cubana que foi uma das pioneiras da body art, está agora numa galeria em Madri, aproveitando o movimento na cidade por causa da feira Arco, que vai até o fim desta semana.

Essas fotografias dos anos 1960 e 1970 mostram Mendieta numa performance feita para a câmera, no caso, para o fotógrafo Hans Breder, que foi seu professor na Universidade de Iowa, nos Estados Unidos. Nas imagens, a artista aparece nua segurando um espelho que reflete partes de seu corpo, criando um efeito caleidoscópico sobre o corpo feminino, objeto de obsessão de Mendieta.

Suas obras mais famosas, que estiveram numa retrospectiva dedicada à artista há dois anos na Hayward Gallery, em Londres, têm sempre a presença de seu corpo, muitas vezes nu. Ela já se retratou deitada em covas que cavou em desertos e outras paisagens naturais e também prensando o próprio corpo contra placas de vidro, série que guarda um diálogo com o trabalho de Hans Breder agora exposto em Madri.

Mendieta, que era casada com o minimalista norte-americano Carl Andre, morreu em circunstâncias até hoje nunca esclarecidas, despencando do apartamento de seu marido no 34º andar, em Nova York. Ela tinha 36 anos.