Dubai cria novo distrito de galerias
Em Dubai, é comum a sensação de estar num set de filmagem. Coisas parecem brotar do nada onde antes só existiam dunas e a grande muralha de arranha-céus espelhados que plasmaram a imagem dessa cidade no mundo esconde um deserto infinito logo atrás dela. Nesse cenário que fica entre o fajuto e poderes construtivos movidos a Viagra, surge um novo distrito de galerias de arte na metrópole dos Emirados Árabes Unidos.
Fundado por um empresário local no antigo bairro industrial de Al Quoz, a Alserkal Avenue é menos uma avenida e mais um aglomerado de galpões que hoje abrigam 20 galerias, entre elas uma filial da síria Ayyam, uma potência no mundo árabe, e outras casas poderosas de Dubai, como Green Art, Isabelle van den Eynde, Lawrie Shabibi e Carbon 12. Em breve, o distrito, que agora acaba de anunciar uma expansão, deve chegar a 50 galerias, entre elas uma nova sede da Third Line, maior casa dos Emirados Árabes Unidos, e o primeiro entreposto da nova-iorquina Leila Heller fora dos Estados Unidos.
Embora os planos sejam ambiciosos, a sensação de andar por ali ainda é a mesma que domina quase todo o resto de Dubai, como se não houvesse nada depois de dobrar a esquina. No caso, há galpões e mais galpões, todos vazios. Por enquanto, alguns deles abrigam instalações site-specific realizadas para a feira Art Dubai, entre elas uma obra da brasileira Maria Thereza Alves e um ambicioso trabalho da saudita Mehreen Murtaza.
Transformando velhos galpões industriais em espaços gentrificados para a arte, o distrito de Alserkal Avenue tem clara inspiração em bairros como o Chelsea, em Nova York, ou Shoreditch, em Londres. São Paulo ensaiou algo parecido na Barra Funda, mas pouco vingou por ali, com casas como a Transversal deixando de existir e a Baró agora planejando aos poucos uma mudança para os Jardins. Mas em Dubai, Alserkal Avenue ainda exige certo esforço de abstração para ganhar o contorno vibrante que seus donos tentam vender. Em todo caso, vale um passeio para conhecer alguns dos espaços gigantescos ocupados por essas galerias, todas crescendo no ritmo de Dubai.