Veja o melhor da Bienal de Charjah
Danh Vo. Numa série de obras, o artista vietnamita vem replicando em escala real partes da estátua da Liberdade, usando chapas de cobre e a mesma técnica de moldagem do monumento de Nova York. Nunca expostas juntas, as peças surgem em exposições espalhadas pelo mundo, numa visão fragmentária e crítica daquilo que se entende por sonho americano.
Haegue Yang. A artista sul-coreana trabalha em suas obras com objetos reais retirados de seu contexto para criar situações visuais inusitadas. Na obra que mostra agora na Bienal de Charjah, a artista reflete sobre o processo de modernização da Coreia do Sul a partir da relação do país asiático com os Emirados Árabes Unidos, com sua economia calcada na extração de petróleo. Aqui ela exibe uma visão metonímica das fábricas do país, com exaustores equilibrados sobre tijolos simbolizando a atividade fabril.
Lynette Yiadom-Boakye. Revelação da pintura contemporânea por seus retratos de personagens sempre negros, a britânica Lynette Yiadom-Boakye tem forte presença nesta Bienal de Charjah, com pinturas em três alas da mostra. Numa série, ela mostra a mesma mulher em enquadramentos distintos levando binóculos aos olhos, como se reforçasse a visão metonímica do mundo que marca quase todas as obras desta edição da mostra.
Rayyane Tabet. Nome que vem despontando no circuito global, o libanês Rayyane Tabet tem a maior presença de sua carreira na Bienal de Charjah, onde ocupa uma ala inteira de um museu do emirado e uma sala toda, as duas com obras de grandes dimensões. Talvez a obra mais poderosa da exposição, sua instalação com aros metálicos que formam um tubo vazado alude a um duto de petróleo que seria construído entre a Arábia Saudita e o Líbano a partir dos anos 1940. Por causa das guerras na região, o projeto nunca foi adiante. Tabet constrói aqui um monumento à ausência. Num gesto radical, toda essa ala do museu foi esvaziada para receber sua obra.
Byron Kim. O artista norte-americano realizou uma série de pinturas do céu de Charjah à noite, enxergando nele semelhanças com o céu do bairro nova-iorquino do Brooklyn, onde vive. Escapista e ao mesmo tempo provocativa, a obra de Kim está em duas alas da mostra, primeiro com os céus noturnos de Charjah e mais adiante com vistas do céu em vários pontos dos Estados Unidos, de Nova York à Califórnia, durante o dia, sempre com anotações de seus pensamentos naquele dia, criando uma espécie de diário visual.
Taro Shinoda. O artista japonês transforma um dos tradicionais pátios de Charjah num jardim zen, usando areia branca e pedras negras para criar um oásis minimalista diante de uma espécie de lounge. No meio do jardim, a marca deixada por uma esfera ausente, em mais um trabalho na mostra que evoca a incômoda presença invisível de agentes externos.
Hassan Sharif. Um dos raros artistas locais na mostra, Hassan Sharif nasceu em Dubai e estudou em Londres, tendo se tornado um dos maiores nomes da arte conceitual em seu país. Em duas salas da mostra, Sharif cria painéis vertiginosos de textos e desenhos que ensinam a construção impossível de mesas e colunas em série, lembrando a obra de Sol LeWitt.
Saloua Raouda Choucair. Artista libanesa que passa por um revival nos últimos anos, com obras expostas há pouco na mostra “Artevida”, no Rio, Saloua Raouda Choucair é uma espécie de Lygia Clark do Oriente Médio, com obras que refletem sobre a dimensão orgânica da geometria e sua presença na vida real. Em Charjah, há um amplo conjunto de suas obras, com esculturas geométricas com partes que se encaixam de modo imperfeito e uma série de pinturas abstratas.
Beom Kim. O artista sul-coreano cria pinturas, desenhos e instalações em que sugere cenários nunca representados nas obras. Suas telas costumam ter textos que pedem que o espectador imagine elementos, de um rio ou uma montanha à presença de um assassino segurando uma faca numa rua escura. Seu universo de violência de faz de conta sintetiza o teor escapista da mostra.
Jac Leirner. A obra da brasileira, ancorada na matriz conceitual e construtiva que orienta seu trabalho, ganha outra ressonância em Charjah. Suas réguas e jogos de Sudoku ocupam uma sala inteira da Bienal de Charjah como instrumentos de medida para o tempo num ambiente em que pode ser perigoso encarar de frente e sem rodeios os assuntos mais espinhosos.