Narcisa e sushi com Manabu Mabe
Narcisa Tamborindeguy, a socialite que virou sensação no mundo da arte depois de aparecer num vídeo em que tocou numa das obras em visita à feira ArtRio no ano passado, só tem a lamentar que a Pace, a galeria em questão, não vem mais ao país. “Temos um mercado ótimo aqui”, disse ela, pouco antes de visitar desta vez a SP-Arte, a maior feira do país, encerrada no último domingo. “Eles estão perdendo a chance de aproveitar tudo isso.”
Desde o episódio, a galeria norte-americana desistiu de participar tanto da feira paulistana quanto da carioca. Boatos dizem que a mão de Narcisa teve a ver com isso, mas a galeria também estava insatisfeita com a forma como impostos são cobrados no Brasil. Em todo caso, Narcisa diz achar “chique” as obras na SP-Arte e que “viaja com um quadro bom”, algo que “faz bem para a alma”. Ela, aliás, não é uma novata no mundo da arte. Tem peças de Jorge Guinle, Iberê Camargo, Tunga e até gravuras de Picasso em casa.
Mais jovem, ela posou para o artista Manabu Mabe durante uma semana para que ele fizesse seu retrato. “Nunca tinha posado para ninguém”, lembra. “A gente ficou amigos. Foi ele quem me ensinou que podia comer sushi com a mão, que não era uma falta de educação.” Décadas depois, Narcisa acaba de virar tema de outro quadro, à venda na galeria virtual de seu sobrinho, a Art Haus. Na tela, com um fundo que lembra as estampas de Romero Britto, aparece o rosto da socialite e seu mais novo bordão “don’t touch, it’s art”, que viralizou com o vídeo de sua visita à ArtRio no ano passado.
“Sei que todo mundo amou. Não queriam me falar o preço do quadro, aí eu falei ‘don’t touch’”, lembra. “Foi natural, espontâneo. Sinto que há muita arrogância e inveja entre os galeristas. E tem também muita obra de arte que eu não compraria nem por US$ 1. Alguns preços são fora da realidade.” Narcisa gosta de dizer que o primeiro trabalho pelo qual se apaixonou foi a estátua da Vênus de Milo que viu no Louvre ainda adolescente.
“Tem que emocionar, não pode ser um pedaço de madeira sem um conceito por trás”, especifica. “Também não gosto de trabalhos escuros, sem luz.”