Adeus a Bialetti, o homenzinho de bigodes

Silas Martí

Morreu na semana passada o empresário italiano Renato Bialetti. Talvez esse nome não diga grande coisa, a não ser que você seja apaixonado por café. Na Itália, Bialetti é menos um nome e mais um homenzinho anguloso de bigodes espessos que desde os anos 1950 aparece nos hoje clássicos comerciais de televisão da famosa cafeteira Moka Express. Um ícone do design desde que surgiu em 1933, a cafeteira sobreviveu todo o século 20 com a mesma forma octogonal e a habilidade surpreendente de fazer um café em casa sem grandes esforços.

A cafeteira da Bialetti
A cafeteira da Bialetti
Charge com o homenzinho de bigodes da Bialetti
Charge com o homenzinho de bigodes da Bialetti

Essa versão paleozoica —e muito melhor— da maquininha Nespresso mereceu um adeus digno de celebridade na Itália. Inventada pelo pai de Renato, Alfonso Bialetti, a cafeteira não teria se tornado um dos maiores símbolos do design made in Italy não fosse o talento empreendedor do filho, que deu a própria caricatura como garoto-propaganda das campanhas publicitárias da marca, tendo se tornado o “pai da cafeteira” para os italianos. As cinzas dele, que morreu aos 83, foram levadas a um altar dentro de uma versão agigantada de sua cafeteira durante o velório.

Um produto quase artesanal antes da Segunda Guerra, a Bialetti explodiu em vendas nos anos 1950 com os comerciais do homenzinho do bigode. Desenhado por Paul Campani, o personagem inspirado nos traços do empresário se tornou um sucesso de público na Itália. Hoje, a marca acredita já ter vendido 300 milhões de cafeteiras do tipo no mundo todo. A fábrica em Omegna, no norte da Itália, no entanto, foi desativada —esse clássico italiano do design italiano, que está inclusive na coleção do Museu de Arte Moderna de Nova York, agora é fabricado na Romênia.

Anúncio da cafeteira Bialetti de 1969
Anúncio da cafeteira Bialetti de 1969