Cinco mostras imperdíveis paralelas à SP-Arte
Na enxurrada de mostras que abrem em paralelo à feira SP-Arte nesta semana, algumas merecem um olhar mais atento. Veja aqui uma pequena seleção —e esta não será a única que pretendo postar aqui— de pelo menos cinco exposições que merecem ser vistas no meio do agito que varre a cidade.

Montez Magno. Esse artista de mais de 80 anos vem sendo redescoberto pelo circuito desde que sua obra esteve no Panorama da Arte Brasileira, no MAM de São Paulo, há três anos. Agora, uma belíssima exposição organizada por Lisette Lagnado na galeria Pilar faz um apanhado de várias frentes de sua produção. Estão lá suas partituras, intervenções gráficas sobre pautas musicais, pinturas abstratas e suas pequenas maquetes de cidades feitas com placas de computador. Magno é um artista em sintonia com uma série de movimentos que marcaram a arte do século 20, mas nunca se filiou a uma corrente, o que faz de seu trabalho uma obra plástica atravessada por tensões.

Willys de Castro. Outra mostra que acaba de abrir as portas em paralelo à feira é uma seleção enxuta —e isso é muito bom— dos famosos “Objetos Ativos” do neoconcretista Willys de Castro. Organizada por Gabriel Pérez-Barreiro no Instituto de Arte Contemporânea, a exposição ocupa três salas do espaço na Vila Mariana com pouquíssimas obras, permitindo que o espectador veja essas peças com um grande respiro ao redor, podendo de fato caminhar em torno delas, como queria o artista. É coincidência que a mostra de Castro aconteça ao mesmo tempo que a de Montez Magno, já que ambos foram poetas e a relação dos dois artistas com a palavra escrita fica evidente aqui.

Antonio Benetazzo. Quase desconhecida, a obra deste artista italiano radicado em São Paulo e assassinado de forma brutal por agentes da ditadura militar nos anos 1970 é alvo agora de uma grande exposição no Centro Cultural São Paulo. A mostra põe em evidência a potência de um trabalho de forte carga política e ao mesmo tempo de grande ousadia formal para a época, com um diálogo poderoso com os experimentos dos artistas pop do país, como Wesley Duke Lee.

‘Residência Moderna’. Talvez mais pelo espaço deslumbrante que pelas obras —também boas— vale a pena conhecer a nova sede da galeria Luciana Brito, que se mudou de um cubo branco padrão na Vila Olímpia para uma casa projetada pelo modernista Rino Levi no Jardim Europa. Nessa mostra inaugural, trabalhos de Héctor Zamora, Pablo Lobato, Waldemar Cordeiro, Gaspar Gasparian, Thomaz Farkas, Rochelle Costi, Tiago Tebet e Rafael Carneiro dialogam com belos jardins, paredes de pastilhas cor-de-rosa e móveis modernos também desenhados por Levi.

Erika Verzutti. Escalada para a próxima Bienal de São Paulo, Erika Verzutti mostra agora no Pivô uma série de novas esculturas em grande escala. Nessas obras inéditas, a artista revisita um repertório de formas que vem construindo ao longo das últimas décadas, com peças que lembram cisnes, pepinos e dinossauros. Um tanto indigesta, entre o feio e o bonito, sua obra ganha aqui uma primeira visão institucional na cidade, um possível prelúdio ao que fará em setembro na Bienal.